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Tatu


Já identificáveis no paleoceno, os Tatus, entre os animais sul-americanos, foram dos que mais cedo adquiriram a feição atual. Caracterizam-se pela couraça articulada, revestida de placas ósseas e formada por dois grandes escudos, um no ombro e outro na anca, que se interligam por uma série de cintas transversais móveis, em número variável, conforme a espécie, de 3 a 13.

Tatu é um mamífero da família dos dasipodídeos, ordem dos desdentados, a mesma dos Tamanduás e Preguiças. Contudo, os Tatus só não têm dentes na frente: podem apresentar de 7 a 25 pequenos mas eficientes dentes em cada lado da boca. Com as patas curtas, de quatro ou cinco dedos com garras, os Tatus rapidamente escavam tocas e túneis, quer à procura de alimento (insetos, minhocas, larvas), quer como abrigos temporários ou para a reprodução.

Uma das espécies de mais ampla dispersão no Brasil é o Tatuetê ou Tatu-Galinha (Dasypus novemcinctus), de nove cintas de articulação da couraça e quatro dedos, que mede cerca de 45cm, com mais trinta centímetros de cauda. Tem orelhas longas, bem juntas no alto da cabeça, e o focinho fino. É uma das espécies em que a cada parto da fêmea todos os filhotes nascem do mesmo sexo, por provirem de um mesmo óvulo. Esse fenômeno denomina-se poliembrionia.

O Tatu-Peludo ou Tatu-Peba (Euphractus sexcinctus), de seis cintas, com pelos ásperos e longos em várias partes do corpo, que mede cerca de cinquenta centímetros, é mais comum na Amazônia e países do norte da América do Sul. Além de insetos e minhocas, come milho, mandioca, amendoim e carniça. 

O Tatu-Bola ou Tatuapara (Tolypeutes tricinctus), com apenas três cintas e cerca de quarenta centímetros de comprimento, dispersa-se do Nordeste ao Centro-Oeste. Quando se enrola, em geral para se proteger de um ataque, transforma-se numa perfeita bola. Do mesmo gênero e muito semelhante na aparência e nos hábitos é o Mataco (T. Matacos), que ocorre no Rio Grande do Sul, Argentina, Bolívia e Mato Grosso do Sul.

O maior de todos é o Tatu-Canastra ou Tatuaçu (Priodontes giganteus): possui de 11 a 13 cintas móveis na parte mediana do corpo e atinge 85 cm de comprimento, mais quase meio metro de cauda. É hoje espécie rara, ameaçada de extinção. Raro é também o Tatu-de-Rabo-Mole (Cabassous unicinctus), cuja cauda, à diferença das demais espécies, não está revestida de placas duras. O endurecimento da couraça dos tatus é progressivo e se acentua com a idade.


Referências
Abba, A. M., & Superina, M. (2010). The 2009/2010 armadillo red list assessment. Edentata, 11(2), 135-185.

Paglia, A.P.; Fonseca, G.A.B.d.; Rylands, A.B.; Herrmann, G.; Aguiar, L.M.S.; Chiarello, A.G.; Leite, Y.L.R.; Costa, L.P.; Siciliano, S.; Kierulff, M.C.M.; Mendes, S.L.; Tavares, V.C.; Mittermeier, R.A. & Patton, J.L. 2012. Lista anotada dos mamíferos do Brasil/Annotated checklist of Brazilian mammals. 2. ed. Arlington, Conservation International

Superina, M., & Loughry, W. J. (2012). Life on the half-shell: consequences of a carapace in the evolution of armadillos (Xenarthra: Cingulata). Journal of Mammalian evolution, 19(3), 217-224.

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